Reciclagem de Pneus Usados
LOGÍSTICA REVERSA DOS PNEUS PÓS-CONSUMO NO BRASIL
Os pneus usados estão se tornando um problema mundial. Em 2007, foram produzidos 1,413 bilhões de pneus, com um crescimento de 4% em relação a 2006. A geração anual de pneus inservíveis em todo o mundo é de 1 bilhão. No passado, pouca importância foi dada ao assunto: pneus usados eram descartados em enormes aterros nos países mais desenvolvidos. Nos países emergentes, o problema era simplesmente ignorado, muitas vezes o destino final desses pneus eram terrenos baldios, rios, córregos, entre outros.
No Brasil em 2009, foram produzidos 53,8 milhões de pneus, importados 4,7 milhões e exportados 14,5 milhões de pneus novos. Ocorreu uma queda na produção de 10%. A tendência para a indústria de pneumáticos em 2010 é a recuperação de 20% do mercado de reposição perdido nos últimos anos para os pneus chineses de carga e automóvel. Em 2009, foram importados 2,15 milhões de pneus usados, ou 19,2 mil toneladas com custo US$ 1,33 por pneu. A pesar da proibição da importação, os pneus usados continuam entrando no Brasil pelo Uruguai e Paraguai. Em 2009, entraram pelo Mercosul 45,5% do total importado. Os fabricantes e importadores de pneus usados não conseguiram cumprir as metas de reciclagem no período de 2003 a 2008, estabelecidos na Resolução CONAMA no 258/99, conforme figura 1.
Figura 1 – Cumprimento das metas estabelecidadas pela Resolução CONAMA no 258/99 para os fabricantes, importadores de pneus novos e usados.
Em 2009, foi aprovada a nova Resolução CONAMA no 416/09, de 30 de setembro de 2009, dispõe sobre a prevença à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras disposições. Altera a forma de cálculo da quantidade de pneus a serem reciclados pelos fabricantes e importadores de pneus novos.
MR = (P + I) – (E + EO)
MR = Mercado de Reposição
P = Total de pneus produzidos
I = Total de pneus importados
E = Total de pneus exportados
EO = Total de pneus que equipam os veículos novos.
Para calcular o peso a ser destinado, deve se aplicar o fator de desgaste de 30% sobre o peso do pneu novo produzido ou importado. Todos os pneus acima de 2 kg devem ser reciclados. Os fabricantes e importados de pneus novos deverão elaborar um plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus inservíveis – PGP, no prazo de 6 meses a partir da publicação da Resolução. Para o cumprimento da Resolução CONAMA no 416/09 os fabricantes de pneus devem fazer um investimento no programa de coleta e destinação de pneumáticos, 20% maior que o realizado em 2009, com previsão de US$ 25 milhões. O projeto estuda a logística reversa dos pneus pós-consumo desde os pontos de coleta, coleta, pré-tratamento até a sua destinação final. O objetivo principal do estudo é elaborar um modelo logístico para a reciclagem de pneus pós-consumo no Brasil.
A logística reversa dos pneus pós-consumo é um dos principais processos dentro da cadeia de reciclagem, que viabiliza economicamente e mantém a constância em toda a cadeia, seja ela para o processo de reutilização, reciclagem ou valorização energética. Uma das dificuldades encontradas é a identificação da localização dos pneus usados. Em muitos casos os pneus usados estão localizados em regiões de difícil acesso, o que torna o processo inviável do ponto de vista econômico, devido ao alto custo logístico. Além disso, os pneus ocupam muito volume quando transportados inteiros.
No Brasil, 83% da coleta de pneus inservíveis está localizada na região sul e sudeste. Em 2009, o Estado de São Paulo, coletou mensalmente 9000 toneladas de pneus e tem capacidade para destinar apenas 7500 toneladas por mês. Os pneus excedentes são enviados para os Estados do Paraná e Minas Gerais para o co-processamento em fornos de clínquer. O custo por pneu coletado e destinado no período de 2002 a 2009 foi de US$ 0,45. Neste custo estão incluídos, o transporte dos pontos de coleta, pré-tratamento dos pneus, destinação final e campanhas publicitárias. A figura 2 apresenta o resultado da reciclagem de pneus em 2009 pelos fabricantes de pneus.
Figura 2 – Reciclagem de pneus no Brasil em 2009.
As próximas etapas do projeto são: simulações dos modelos, pesquisa nos pontos de coleta, pré-tratamento e destinação para levantamento dos processos, modelos utilizados e custos envolvidos. Levantar junto a fabricantes e importadores os planos de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação dos pneus inservíveis.